O modelo de administração focado nos processos internos deve sofrer modificações constantes nas próximas décadas.

4 de julho de 2019

O modelo de administração focado nos processos internos deve sofrer modificações constantes nas próximas décadas.

Escrito por Elcio Fernando Del Prete Miquelino

O modelo de administração focado nos processos internos deve sofrer modificações constantes nas próximas décadas. Não há como negar que o mundo mudou e que a sociedade, que forma a base dos mercados, apresenta variações em velocidade espantosa. As influências ambientais, no tocante (principalmente) economia, tecnologia, política, aspectos demográficos e sociais, inferem à humanidade novos costumes comportamentos que moldam os sistemas econômicos vigentes e interfere na disputa pelo capital. Outro aspecto a ganhar forma nos próximos anos é a preocupação com preservação do planeta, que aos poucos interferirá nas decisões empresariais.

As organizações insurgentes deste novo cenário devem incluir em suas rotinas diárias a capacidade de inovar constantemente e adaptar-se com mais velocidade às mudanças. Para Schumpeter (1982) somente as empresas que realizam inovações de modo contínuo são caracterizadas como de fato inovadoras.

Infelizmente, a capacidade de aderir às mudanças ainda não é prática estudada pelas nossas empresas e muitas apresentam notório viés de lentidão em estudar os agentes de mudanças e reorganizar as estratégias, vide a atual dificuldade das organizações brasileiras em face à pandemia do coronavírus(1). Ainda, conforme Schumpeter (1996) o fator preponderante para a “destruição criativa” é a inovação. Segundo Basil e Cook (1974) as empresas mudam em respostas às crises e, na visão de March (1981) as empresas mudam, porém as mudanças não podem ser controladas.

Interessante analisar o conceito expresso da palavra “organização”. De acordo com Maximiano (2000) há dois entendimentos para o tema. O primeiro discorre sobre a idéia de organização como função interna de qualquer sistema ou estrutura para ordenação de, ou seja, de alocar recursos disponíveis de acordo com os objetivos. O outro entendimento diz respeito à organização como um grupo social primário e secundário que possui partes que se interagem e se influenciam.

As empresas em geral, independentemente da área de atuação, tamanho e outras características são grupos sociais secundários e com certo grau de formalização. Por suposto são organizações e devem priorizar o arranjo interno como elemento para constituição de estruturação formal e divisão de tarefas. A estas cabe a definição dos procedimentos e processos para alcançar resultados objetivados em um determinado mercado.

Cabe considerar que, em mercados com baixa volatilização, as teorias clássicas e científicas consideram o processo todo como um grande ciclo e, desta forma, demonstram eficiência. A partir do momento que os mercados tornam-se inconstantes, como no caso de uma pandemia, os “modelos de gestão” não conseguem conceder respostas para a dinâmica empresarial. Na maioria das vezes, e assim será no futuro, a  resposta para as decisões gerenciais está alicerçada no estudo do ambiente externo e na capacidade dos gestores e administradores em resolver conflitos e problemas. Não é mais o interno que molda o externo, característica empresarial presente na Revolução Industrial. Hoje ocorre justamente o contrário. As empresas devem desenvolver mecanismos de inteligência e monitoramento de mercado que ausculte todos os fenômenos que podem influenciar toda a cadeia que o negócio está inserido relacionado com seus produtos e serviços.

Para Kotler e Keller (2012) este sistema é denominado de “sistema de apoio a decisões de Marketing(2)” que serve para organizar a busca pela informação para a tomada de decisão empresarial. Ressalto que o entendimento dos corretos conceitos do Marketing é a nova era na gestão empresarial do futuro. A abrangência do Marketing corresponde no preenchimento da lacuna deixada na Administração Clássica e Científica e que ficou claro após a publicação do artigo General theory of employment, interest and Money de J.M. Keynes, em 1936.

De nada adianta processos internos bem geridos e controlados se o ambiente externo alterou-se. Tomemos uma análise bem simples: para quem as empresas produzem produtos e serviços, senão para o mercado? A base para o que e como produzir é a informação do que está no contexto externo.

“Um dos maiores erros que cometi em minha carreira foi o de cunhar a expressão centro de lucro, por volta de 1945. A verdade é que dentro da empresa há somente centros de custos.O único centro de lucro é um cliente cujo cheque não foi devolvido. Nada sabemos a respeito do exterior; contudo, mesmo que sua empresa seja líder de um setor, a grande maioria das pessoas que compra o tipo de produto ou serviço que você vende não é seu cliente. Se você tem 30% do mercado, é o gigante. Mas isso significa que 70% dos clientes não compram seu produto ou serviço, e você nada sabe sobre eles. Esses “não-clientes” são particularmente importantes porque representam uma fonte de informações que pode ajudá-lo a aferir as mudanças que irão afetar seu setor. Como assim? Se analisarmos as mudanças ocorridas em  importantes setores ao longo dos últimos quarenta anos, veremos que praticamente todas aconteceram fora do mercado” (DRUCKER, 2003, p.68).

As empresas das próximas décadas que conseguirem compreender o que está acontecendo do lado de fora delas, criando meios de inteligência que subsidiem este estudo e tornando seus recursos humanos participativos e conscientes do setor o qual fazem parte, bem como aplicando corretos mecanismos de gestão e o Marketing como conceito maior de sua estrutura administrativa, dão passo importante para a
sustentabilidade. O foco principal não deve ser o produto ou o serviço em si, mas o contexto geral do negócio como um todo, em longo prazo, imerso em um ambiente de profundas mutações e na forte capacidade de geração de caixa e formação capital de giro, com métodos e processos escritos e alinhados com um plano alternativo de comercialização e geração de faturamento.


(1) A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no dia 11 de março p.p., o estado de pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Pandemia é a proliferação de uma doença infecto contagiosa em várias localizações geográficas (países) ao mesmo tempo.

(2) “O Instituto de Tecnologia de Massachusstts (MIT) define um sistema de apoio as decisões de marketing como um conjunto coordenado de dados, sistemas, ferramentas e técnicas o software e hardware de apoio, por meio do qual empresa coleta e interpreta informações relevantes provenientes dos negócios e do ambiente e as transforma em uma base para as ações de marketing.” (Kotler e Keller, 2012, p.118).

 

Bacharel em Comunicação Social, Publicitário (MTB 04773), é Especialista e MBA em Marketing. Exerceu função de Supervisor Comercial e Marketing em indústria de grande porte por 7 anos e foi proprietário de agência de publicidade. Foi Coordenador dos Projetos de TCC do curso de Bacharelado em Marketing da Unilins e é autor do livro ‘O Marketing e a Nova Economia”. Além da atuação como Docente em cursos de graduação e de pós graduação, é Consultor em marketing (desde 2003). Atua como investidor anjo e opera mini contrato de dólar no mercado financeiro.

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